É sempre bom falar sobre
os cuidados que devemos ter durante atividades físicas, evitando assim pequenas
contusões e problemas mais sérios, que podem ter consequências para o
resto da vida. Para entendermos melhor essa questão separei uma matéria, na
íntegra, da Professora Inara da Silva Santos Especialista em
Psicomotricidade Relacional (CIAR) e pós-graduada em Fisiologia do
Exercício.
´´As aulas de Educação Física têm sido o
calcanhar de Aquiles de muita escola, especialmente da rede privada,
simplesmente porque as crianças podem se machucar nestas aulas. E isso é óbvio
se não houvesse riscos seriam aulas de crochê, culinária ou qualquer outra
coisa que exija o mínimo esforço.
Por sorte o
Professor de Educação Física, geralmente, é muito criativo e faz adaptações ou
opta por jogos e exercícios onde os movimentos amplos acabam sendo evitados,
mas faz com que a Educação Física continue na grade e seja amada pelas
crianças.
A causa desta
situação ambígua são as queixas dos pais destas crianças que se acidentam,
sempre tem que haver um culpado quando algo não sai do jeito que eles esperam.
Vamos tentar
entender o ponto de vista de cada um:
A criança que
se vê liberta daquelas mesas e cadeiras e vai ao encontro do espaço amplo da
quadra e fica diante de uma infinidade de possibilidades de movimento, de
expressão de si mesma, de aprendizagem motora e de descoberta de habilidades.
Isso significa movimento, vida;
O Professor de
Educação Física que está no seu, ou melhor, num dos seus ambientes de
trabalho, então ele não quer que nada saia errado, principalmente com esta
clientela que, geralmente, o recebe com euforia, beijos e abraços. Isso significa
que este profissional seria incapaz de negligenciar qualquer uma destas
crianças, contudo, infelizmente, tenho que admitir que há profissionais e
profissionais, embora eu acredite que o profissional de Ed. Física que atua na
área escolar ama crianças e adora o que faz porque se não fosse assim ele teria
muitas outras alternativas na área;
A Direção da
escola quer que tudo corra bem na sua Empresa e que os seus clientes (pais
de alunos) estejam sempre satisfeitos. Isso significa que todo cuidado é pouco
com estas crianças, já que a escola é um dos responsáveis pela promoção da
aprendizagem e integridade geral destas crianças;
Os clientes
(pais ou tutores), estes, na maioria dos casos, são pessoas muito ocupadas que
amam suas crianças e que, assim como os outros, não querem que nada de mal
aconteça com os seus pequenos. Além disso, é da natureza humana querer
responsabilizar outro, pelas coisas que dão errado, esse comportamento é como
um mecanismo de defesa que nos dá a falsa sensação de consciência tranquila.
Nestes casos, isso significa que os pais nunca têm culpa de nada ruim que
aconteça com os seus filhos e que estes sempre são as vítimas.
Mas que tipos
de acidentes podem ocorrer e quais são as causas?
As causas,
frequentemente, são coisas de criança: empurrões, choques nos deslocamentos,
cadarços de tênis desamarrados ou até falta de habilidade motora que pode ser
por algum distúrbio psicomotor ou falta de estimulação.
Geralmente as
quedas são as responsáveis pelos acidentes mais graves e estas são as ocorrências
mais comuns não só na escola, mas em casa também. Os seus efeitos podem variar
de um arranhão ou um ralado até uma fratura, luxação ou corte profundo. E como,
também, é da natureza humana querer ajudar é neste momento que pode surgir um
culpado por danos maiores, então seguem algumas dicas:
Para o professor:
Planeje sempre
as suas aulas de acordo com o espaço, o material e o número de crianças;
Jogos onde
muitas crianças devem correr ao mesmo tempo e em direções variadas devem ser
utilizados, de preferência, para classes a partir do 2º ano do ensino
fundamental;
Evite jogos ou
atividades muito dinâmicas em espaços pequenos, com colunas ou com objetos como
móveis, por exemplo;
As bolas
utilizadas devem ser adequadas para a faixa etária;
Nunca subestime
o choro de um aluno que diz ter se machucado. E se você desconfiar que foi um
acidente grave como uma fratura, luxação, entorse ou ruptura de ligamentos peça
para algum aluno chamar o coordenador ou diretor, afaste as demais crianças e
não saia de perto do aluno machucado em hipótese alguma, não mexa e não deixe
ninguém mexer na criança até que chegue a ajuda especializada como médico da
escola, SAMU (192) ou RESGATE (193), além disso, acompanhe o aluno, porque só
você poderá relatar o que aconteceu, já que a ocorrência foi na sua aula;
Em caso de
acidentes com cortes profundos, é comum acontecer com supercílios e queixo,
então se você não sofrer da síndrome vasovagal, o procedimento é quase o mesmo
é importante acalmar a criança, que pode se assustar ao ver tanto sangue, deixe
a área do corte mais eleva que o restante do corpo e pressione o ferimento com
um pano extremamente limpo até chegar o socorro adequado;
Para o gestor escolar:
Em casos assim
a sua prioridade é a criança, então o primeiro passo, após chamar ajuda
especializada, se for o caso, é comunicar os pais ou tutores;
Só leve a
vítima ao hospital em veículo particular se você tiver autorização dos
responsáveis por escrito;
Promova para
pais, alunos e funcionários cursos de orientação em primeiros socorros;
Todas as áreas
comuns da escola devem ter vidros sinalizados, escadas com corrimão e degraus
sinalizados com adesivos antiderrapantes e se houver colunas no pátio e na
quadra as mesmas devem ser protegidas com material emborrachado, coloque câmeras
em todas as áreas da sua escola;
Para os pais:
Ao matricular
o seu filho numa escola verifique se esta instituição atende todos os
requisitos de segurança na sua estrutura;
Procurar um
culpado ou tirar o seu filho da escola não resolverá o problema;
O seu filho
pode não ser o santinho que você imagina. Algumas crianças se machucam porque
adoram transgredir regras;
Proporcione ao
seu filho o máximo de oportunidades motoras possíveis, pois quanto mais
habilidades ele desenvolver menos riscos de quedas ele sofrerá.``